Neuroeducação: a construir pontes entre a neurociência e a aprendizagem de Ciências

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23882/NE2142

Palavras-chave:

aprendizagem espaçada, conceções alternativas, inibição, mudança conceptual

Resumo

A sinergia entre educação e neurociência, também designada neuroeducação, não se alcança sem percalços nem barreiras, que surgem da ambição de articular duas linguagens, dois campos teóricos e duas áreas de investigação efetivamente distintas. Vários estudos têm vindo a ser realizados, no entanto, o número de pesquisas que se debruçam especificamente sobre os mecanismos cerebrais ligados à aprendizagem de ciências é ainda reduzido.

Neste artigo abordam-se algumas dessas investigações, particularmente a determinação do papel da inibição na aprendizagem e na concretização de mudanças conceptuais, assim como a implementação da aprendizagem espaçada. Da análise destes estudos, pode-se recolher algumas pistas acerca das estratégias mais adequadas para realizar uma aprendizagem efetiva e duradoura, nomeadamente a estimulação de processos de competição cognitiva entre os conceitos cientificamente corretos e os incorretos a par da memorização, que parece constituir-se como uma fase necessária para promover a mudança conceptual.

Não obstante, é fundamental ter em mente que não existem formulas mágicas e, que quando o tema é aprendizagem, não se poderá negligenciar a individualidade, nem as múltiplas dimensões dos contextos em que os alunos se inserem.

Referências

Bear, M. F., Connors, B. W., & Paradiso, M. A. (2007). Neuroscience: exploring the brain (3 ed.). Lippincott Williams & Wilkins.

Cepeda, N. J., Pashler, H., Vul, E., Wixted, J. T., & Rohrer, D. (2006). Distributed practice in verbal recall tasks: A review and quantitative synthesis. Psychol Bull, 132(3), 354-380. https://doi.org/10.1037/0033-2909.132.3.354

Çepni, S., & Keleş, E. (2006). Turkish students' conceptions about the simple electric circuits. International Journal of Science and Mathematics Education, 4(2), 269-291. https://doi.org/10.1007/s10763-005-9001-z

Driver, R., Guesne, E., & Tiberghien, A. (2002). Children’s ideas in science. Open University Press.

Dunbar, K., Fugelsang, J. A., & Stein, C. (2007). Do naïve theories ever go away? Using brain and behavior to understand changes in concepts. In M. C. Lovett & P. Shah (Eds.), Carnegie Mellon symposia on cognition. Thinking with data (pp. 193-205). Lawrence Erlbaum Associates Publishers.

Ebbinghaus, H. (2013). Memory: a contribution to experimental psychology. Annals of Neurosciences, 20(4), 155-156. https://doi.org/10.5214/ans.0972.7531.200408

Fields, R. (2005). Making memories stick. Scientific American, 292, 75-81. https://doi.org/10.1038/scientificamerican0205-74

Gunstone, R., & Watts, M. (1985). Force and Motion. In R. Driver, E. Guesne, & A. Tiberghien (Eds.), Children's Ideas in Science. McGraw-Hill Education.

Hairan, A. M., Abdullah, N., & Husin, A. H. (2019). Conceptual understanding of newtonian mechanics among afghan students. European Journal of Physics Education, 10(1), 1-1-12. https://eric.ed.gov/contentdelivery/servlet/ERICServlet?accno=EJ1231109

Kelley, P. (2008). Making minds: what's wrong with education, and what should we do about It? Routledge.

Kramár, E. A., Babayan, A. H., Gavin, C. F., Cox, C. D., Jafari, M., Gall, C. M., Rumbaugh, G., & Lynch, G. (2012). Synaptic evidence for the efficacy of spaced learning. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 109(13), 5121-5126. https://doi.org/10.1073/pnas.1120700109

Masson, S., & Foisy, L.-M. B. (2012a). Faut-il apprendre à inhiber ses préconceptions pour apprendre la physique mécanique? Spectre, 42(1), 18-21.

Masson, S., & Foisy, L.-M. B. (2012b). Les conceptions erronées des élèves en électricité ne disparaissent peut-être jamais de leur cerveau. Spectre, 42(1), 15-17.

Nenciovici, L., Brault Foisy, L.-M., Allaire-Duquette, G., Potvin, P., Riopel, M., & Masson, S. (2018). Neural correlates associated with novices correcting errors in electricity and mechanics. Mind, Brain, and Education, 12(3), 120-139. https://doi.org/10.1111/mbe.12183

O'Hare, L., Stark, P., McGuinness, C., Biggart, A., & Thurston, A. (2017). Spaced learning: The design, feasibility and optimisation of SMART spaces [Evaluation report and executive summary]. https://eric.ed.gov/contentdelivery/servlet/ERICServlet?accno=ED581430

Pinto, A. (2001). Memória, cognição e educação: implicações mútuas. In Educação, cognição e desenvolvimento: textos de psicologia educacional para a formação de professores (pp. 17-54).

Sousa, D. A. (2016). How the brain learns. Corwin Press.

Vasconcelos, C. M. d. S. d., & Praia, J. J. F. M. (2005). Estratégias de aprendizagem e o sucesso educativo em ciências naturais Revista Linhas, 6(1). http://www.periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1245/1057

Wenning, C. J. (2008). Dealing more effectively with alternative conceptions in science. Journal of Physics Teacher Education Online, 5, 11-19.

Downloads

Publicado

2021-07-07

Como Citar

Costa, P. C. P., & Calafate, L. (2021). Neuroeducação: a construir pontes entre a neurociência e a aprendizagem de Ciências. [RMd] RevistaMultidisciplinar, 3(2), 49–59. https://doi.org/10.23882/NE2142